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COMPULSÃO: A miniatura do mundo

O OBJETO DE DESEJO DE UMA COMPULSÃO NÃO É O DESEJO


É, antes, um objeto opaco e superidealizado, no qual a pessoa projeta uma espécie de miniatura do seu mundo. Contudo, essa miniatura passa a representar todo o seu universo. Aí se instaura o equívoco: acredita-se que esse objeto possui um valor único e um fascínio especial. E, de certo modo, possui. Mas trata-se de um sequestro — um sequestro da alma, das ideias e da liberdade psíquica.

Compulsão

PRAZER E ANSIEDADE


A compulsão pode ser entendida como um vício de não querer viver, um impulso de antecipar simbolicamente a morte. Ela é, de fato, letal e precisa ser interrompida. A pessoa compulsiva não tolera limites ou recusas, sentindo-se impelida a buscar incessantemente esse objeto opaco, que lhe proporcione a ilusão de existência. Vive, então, um estado paradoxal: letárgico e excitante, ambivalente por essência.


O objeto, que aparenta ser uma solução, revela-se enganoso. Em vez de aliviar, agrava a situação ao intensificar o prazer, que não se manifesta como prazer genuíno, mas como ansiedade de satisfação. Qual é a diferença? O prazer é finito, possui um tempo e um limite. Já o objeto compulsivo se transforma em um fluxo interminável, um ciclo sem pausa nem conclusão.


E o que a psicanálise pode oferecer no campo clínico? Ela propõe insistir na escuta e na fala, permitindo o desvelamento e o desrecalcamento. Nenhuma compulsão é imune à palavra; ela apenas resiste. O desafio do analista é conduzir o analisando a reviver, nomear e simbolizar as situações até que o Eu, rigidamente apoiado na compulsão, comece a ceder e se desestruturar.


DO OBJETO OPACO AO OBJETO DE DESEJO


O caminho da psicanálise não consiste em atacar o sintoma diretamente, mas em trabalhar a frustração. Visa desinfantilizar o analisando — um processo árduo, que exige tempo e, por vezes, leva o paciente a desistir. Ainda assim, muitas análises alcançam êxito, e situações transferenciais favorecem a substituição do objeto opaco pelo objeto de desejo.


Nesse instante, tudo se transforma: o sujeito aprende a arbitrar entre o sim e o não, libertando-se da angústia da eternidade e da vertigem do desamparo. Em síntese, é preciso saber quando encerrar, para que se possa, eventualmente, recomeçar.


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Equipe Psicanálise Descolada

 
 
 

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