Compulsões são forças extremas que nos levam a fazer coisas sem que necessariamente saibamos ou tenhamos controle daquilo que estamos fazendo. São forças com caráter de persuasão interna, obrigação, ordem que se confundem com o desejo, com o querer, com o prazer e com o tesão. Elas se confundem, porque não é bem isso. É um desvio. A compulsão – ou as compulsões –, têm uma espécie de disfarce (freudianamente falando).

Elas parecem que dão solução, que dão um caminho possível, que levam a pessoa a encontrar um tipo de prazer, que não é. Esse é um bom exemplo para pensarmos a diferença entre prazer e gozo. Prazer é aquilo que tem hora para começar e acabar, que tem limite, que tem barreiras, e, portanto, nada de excessivo se escreve no e a partir do prazer. Ao contrário, o excessivo precisa ser barrado para virar prazer. Quando o excessivo é pura descarga, é pura insistência nele próprio e o resultado disso é pulsão visando a morte. Então, toda compulsão tende a encontrar a morte como limite. E evidentemente que isso faz um estrago danado na vida de uma pessoa.
Como a pessoa não tem muita noção daquilo que está acontecendo com ela, muitas vezes há uma insistência na compulsão como se aquilo fosse normal, como se fosse um estilo. Outra ideia importante é que a compulsão tenta - mal-sucedidamente - atenuar a angústia. Parece uma busca por algum tipo de equilíbrio, mas é justamente o contrário porque toda compulsão é extremista. E quando você está no extremo, não há equilíbrio.
As compulsões são rascantes. Elas sequestram o ir e vir da pessoa. E as compulsões ainda são, às vezes, respostas mal adaptadas a algum tipo de fantasia.
É um circuito encharcado de pulsão de morte em que o sujeito se torna objeto da própria compulsão. Ele perde variabilidade e, portanto, fica restrito a uma repetição gozosa ardentemente ulcerante.
Neste mês estamos especialmente dedicados ao tema das compulsões. Este artigo que você leu é somente o primeiro de uma série que estamos preparando. E, claro, todos sabemos da importância constante de um tema como este, no entanto, os problemas da contemporaneidade vem desdobrando essa questão de maneiras muito urgentes. E, por isso, a Psicanálise Descolada gostaria de saber o que você - leitor ou leitora - deseja articular com o tema das compulsões. O que te chama atenção? No que isso te faz pensar? Quais os aspectos que você articularia com esse assunto?
Ficaremos muito felizes em te escutar.
Eu articularia a compulsão com tantas coisas, perfeccionismo, prática excessiva de exercícios, mas a comida com certeza é a forma de desvio mais comum imagino eu!
Belo texto!
Muito bom
Muito bom!