A psicanálise é um instrumento de transformação.
A psicanálise clínica acolhe o sofrimento. A pessoa tem dificuldade para levar a vida do jeito que está e não encontra quem possa conversar com ela. O campo analítico coloca o sujeito dentro da própria dimensão sintomática e as estruturas clínicas são importantes para se orientar nas direções de tratamento. Pensar nelas é pensar nas opções que existem para melhor compreender a forma como aquela pessoa se coloca e se defende no mundo. Já nas primeiras sessões é possível elaborar um início de leitura diagnóstica e este movimento é fundamental tanto para analista e paciente entenderem se a dupla que formam é possível, quanto, diante da continuidade do caso, ter uma proposição de manejo transferencial mais adequado.
A neurose é a forma como uma pessoa se situa no mundo. Geralmente acanhada, amedrontada, inibida, endividada, sem força, muitas vezes deprimida ou tomada por compulsões. É uma clausura em que se repetem situações que a deixam soterrada em sofrimento e ela não sabe como se livrar disso. Diante da busca desta pessoa por uma trabalho analítico, o psicanalista escuta essas questões não no nível da consciência, mas no nível da suspensão do recalque. O intuito é transformar o sintoma em alguma outra coisa mais fluída. Dentre as principais manifestações neuróticas estão a obsessiva, a histérica e a fóbica. Para uma aproximação inicial, podemos pensar essas dimensões da seguinte maneira:
A neurose obsessiva é como uma máquina de produção de pensamentos que possui algumas características, que não são do filósofo e nem de um livre pensar. Pelo contrário: essa produção vem no sentido de uma contenção, fruto de uma resposta que o aparelho psíquico dá ao excesso pelo qual ele é tomado. Nestes casos, o convite à associação livre vai de encontro com a cisão entre afetos e representações existentes na neurose obsessiva. A regra fundamental (como Freud nomeia a associação livre) permite desatar nós e laços, tirando a pessoa da mesmice do pensamento autônomo e automatizado.
Na histeria há a eleição de um objeto superpoderoso, no intuito de se abster de saber quem se é para que o outro seja para você. Dito de outra forma: retira-se da responsabilidade de se colocar como resposta ao próprio desejo, num movimento de alienação. Existe nesta neurose a fabricação fantasmática de um desejo que se realiza dentro de certos disfarces, de determinadas manifestações metafóricas e metonímicas.
A fobia, por vezes identificada como histeria de angústia, é a transformação de uma angústia num terror específico. Ela foi especialmente pensada por Freud na análise do Pequeno Hans embora seja também encontrada, de maneiras menos explícitas, no caso do Homem dos Lobos e o Homem dos Ratos.
Equipe Psicanálise Descolada
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