Uma análise será bem sucedida se ela começar a curar o ressentimento e, sobretudo, a fazer a pessoa voltar a sonhar pra frente, para que ela possa, verdadeiramente, se sentir bem com aquilo que ela está fazendo. Que a gente possa vibrar em níveis legais.
Por que tem que ficar com vergonha de vibrar, de colocar uma tatuagem, de colocar uma roupa sexy, de colocar um piercing? Faz o que você quer. Banca! Depois, se não der certo, refaz. Ou paga as consequências. Tanto faz. Mas faz.

O neurótico fica estagnado. A coisa é agora. É agora porque não é atemporal. É isso que Freud queria dizer, a meu ver. O inconsciente não tem tempo, por isso nós não temos muito tempo. Vamos fazer! Agora, saber contabilizar o tempo quando importa é importante. A gente tem tempo para fazer as coisas, sim. Mas esse tempo não é absoluto. E, às vezes, em pouco tempo, você elabora uma saída para algo que você nunca conseguiu. A gente encontra tempo em psicanálise: tempo de dizer, tempo de elaborar.
O discurso do ressentido é o “eu deveria ter feito isso”, “eu deveria ter feito aquilo”, “Eu deveria”. Como na música Epitáfio
Epitáfio (Titãs)
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier
O acaso vai…
Carlos Mario Alvarez
Parabéns pelo texto "Tanto faz, mas faz". Quem atua na clinica psicanalítica consegue identificar com essas palavras. O neurótico tem a narrativa de "se eu tivesse, se eu pudesse, se eu..."
Tanto faz mas faz; outro texto espetacular. Parabéns. Como vivemos mal e porque escolhemos viver mal. Ora, ora; o mais importante de uma escolha não é nem a própria escolha e sim, sustentá-la. Sustentamos pouco o nosso desejo. Aliás, só conseguimos chegar próximo e reconhecê-lo numa análise.
O texto: Pega um pega geral é literalmente a radiografia do amor e das condições sob qualquer motivo, pessoa, situação ou necessidades internas que são irredutivelmente absolutistas. Preciso amar pq é minha mãe, preciso amar pq é meu filho. Balela. Aliás, uma grande balela que somos condicionados a acreditar desde que nos tornamos sujeitos. Excelente texto. Parabéns!!