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AS TRÊS ESTRUTURAS CLÍNICAS

As três estruturas clínicas, pensadas pela psicanálise desde Freud e aprofundadas pelo pensamento estruturalista de Jacques Lacan, são a neurose, a psicose e a perversão. Em psicanálise, estrutura significa a forma de organização do desejo e o modo pelo qual a pessoa se insere na linguagem. Mas o que caracteriza cada uma dessas formas de inscrição?

Estruturas Psiquicas

O que caracteriza cada uma dessas estruturas é a maneira como o sujeito se defende do excesso da relação com o outro. Ou seja, no encontro com o outro, cada um de nós reage e se forma a partir de uma postura, de uma posição específica. No caso do neurótico, ao encontrar o outro, ele se submete à lei do outro, aceita a castração. No entanto, isso o fragmenta, pois tudo aquilo que é significativo para ele acaba sendo recalcado. O recalcamento traz algumas realidades à tona, mas muitas outras ficam inconscientes ou inacessíveis.


O trabalho de análise possibilita, através da associação livre e do exercício do pensamento, o desrecalque, promovendo novas ligações simbólicas que permitem à pessoa reorganizar-se. A neurose, portanto, permite um certo fluxo, embora seja caracterizada por fixações e estagnações. Muitas pessoas neuróticas padecem de sintomas como o medo: de progredir, do desejo, das fantasias, de romper suas relações com o outro.


Em relação à psicose, trata-se de um outro tipo de defesa: a rejeição. Rejeição de quê? Da palavra do outro que organiza o campo do sentido. O psicótico, portanto, fica fora da estruturação do próprio desejo, desejando de forma delirante. Sua maneira de lidar com o mundo se constitui por uma série de errâncias que se repetem.


Na esquizofrenia, por exemplo, a clivagem não ocorre no nível simbólico, mas no Real, e esse Real retorna de forma invasiva. O psicótico sofre intensamente e o delírio, por exemplo, assim como as alucinações, são tentativas de recuperar o sentido, mas de maneira muito difícil de ser compreendida ou organizada, sendo geralmente regressivas.


A perversão, por sua vez, é um tipo de defesa caracterizado pela recusa. Recusa de quê? Da lei, da palavra do outro como limite. As dimensões da perversão levam alguém a submeter-se parcialmente à lei do outro, mas a pervertê-la, ou seja, a criar um caminho alternativo, uma espécie de prótese que contraria essa lei. Isso pode resultar em comportamentos questionáveis no trato com o outro. Pessoas dentro do campo da perversão costumam inovar, frequentemente correndo grandes riscos de desagradar o outro ou seguindo caminhos muitas vezes ilícitos. 

Estruturas Psiquicas

Todos nós, de alguma forma, estamos inscritos na linguagem e sofremos porque essa inscrição não dá conta da falta. A falta é o que articula o desejo. E justamente para pensar este assunto com a sua devida calma, que estamos te convidando, caro leitor e leitora, para um encontro onde teremos tempo de abordar as estruturas psíquicas e sua importância para o funcionamento da clínica psicanalítica. 


Equipe Psicanálise Descolada


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