Casais que estão brigando o tempo todo, que se acusam o tempo todo... Como eles estão enlaçados pelo casamento e existe aquela ideia de que tem que suportar: “ah, ele me atura e eu aturo ele”, eles têm que, e permanecem no conto do vigário.
São contos da carochinha em que as pessoas acreditam porque não têm dimensões que mostrem esplendor, possibilidades, quando se está num fogo cruzado de acusações. Pode ser acusação paranoica: “você está me matando”, “você está me fazendo mal”. E pode estar mesmo. A paranoia pode ter, sim, algum fundamento. E também dimensões de decepção que, às vezes, as pessoas não querem perceber. Vivem brigando, se desentendendo: de manhã briga, de tarde faz as pazes, de noite está transando, e assim se vai, nesse ciclo. Mas as pessoas não entendem que isso vai entrando para a contabilidade. Esse tipo de relacionamento é aquele que mais desintegra o casal. Esse tipo faz com que o outro se torne uma pessoa indesejada, por mais que às vezes não se fale, por mais que o outro nem saiba disso. Vou falar até pior: torna-se nauseante. Mas o teu recalcamento é tamanho que você vomita e vai ao gastroenterologista, que tem enxaqueca e vai ao Ginecologista, que você deprime e vai ao psiquiatra... Porque você pode achar ela insuportável, mas transa com ela tão bem; ela faz o papel que te interessa e você fica lá preso no teu fetiche. Mas está tudo tão implicado, tão embrulhado... O que a pessoa faz com a dependência? Muitas vezes, em nome da dependência, seja ela física, sexual, financeira, psicológica, ela se submete justamente à violência física, persecutória, moral, e aí, se você tem um ambiente que ainda tem uma relação de violência nesses níveis, como é que você quer ficar íntegra, ou íntegro? Você se torna incapaz de perceber que não tem integridade possível convivendo com uma pessoa insuportável, que você ou não pode admitir, ou porque tem fantasias que se suportam somente por falta de opção... Está pagando o preço. Seu salário é 1.000, mas você não calculou quanto custa para você ficar nesse lugar. E que nesse buraco que você se meteu, você só chegou a isso, a ele, porque você o concebeu e concebe. E o cavou, como mera ferramenta, com o próprio coração...
Por Carlos Mario Alvarez
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