Se vocês querem mexer com a angústia de vocês, vão ter que enfrentar o dragão, vão ter que enfrentar qualquer monstro que seja esse que é gestado e aquecido nos ninhos que você lhe provê. A postura analítica é incitar a falar, incitar a produzir a verdade. Mas, para isso, você tem que “se coçar” (e, muitas vezes, sem garantias). Precisa caminhar, precisa se esforçar; precisa, também, sempre, dar tempo ao tempo.
Primeiramente, é importante ter a chance de reconhecer a angústia. Admitir que é preciso fazer alguma coisa com ela. Um ato, um gesto; e aceitar, durante os percalços do processo – os vai-e-vem das tentativas – que vocês próprios não estão conseguindo. E começar a descobrir como se organizar, que ações são possíveis de tomar. A gente sabe que, muitas vezes, um pouco de organização na rotina da pessoa já muda muita coisa. Uma forma que se tem é organizar o dia melhor, fazer determinadas tarefas que é preciso fazer mas não se faz nunca porque se procrastina, se delega, se recalca. E o que se faz, na verdade, é ir deixando... uma produção de inércia ilimitada.
Quando a gente se coloca como ator da peça que a gente desenrola, quando a gente age visando buscar um espaço melhor para a gente, quando se vai atrás da nossa transformação, é aí que se tem mais chance de qualquer tipo de sucesso, seja ele íntimo ou mínimo. Não é dentro da caverna que se pega o dragão (aí ele te come), mas trazendo-o para fora dela. E se o psicanalista pode ajudá-lo com isso, pertencem somente ao sujeito o braço, a ação e a linguagem-arpão para início, execução e sucesso da caçada.
Equipe Psicanálise Descolada
Metáfora com santo-dragão excelente! Frente ao medo que muitos tem, e natural, de enfrentar seu próprio dragão, pensei que, para além do recalque , o indivíduo pode olhar o psicanalista também como dragão… o que dificulta ainda mais a evolução …