Em tempos de ilhas e trilhas retas, psicanálise descolada decola, deslizando “lives, lifes”, e mais descolados, encontramo-nos mais livres, vivos. E que nos encontremos perdidos e achados em movimento.
Em surpresa, aprendendo a surfar entre sintomas e bem aproximados do Desejo, encontramo-nos em espanto e nexo, benditos! Música, poesia, cores, nutrição de Amor (próprio), apropriando-se entre coisas, cursos (de histórias). Razão, emoção, memória, alguma delas, Sim! Tempero composto na vida de nossas vidas, saúde com bálsamos em rearranjos mutáveis com potência do inédito e do durante. Esses são acontecimentos possibilitados por uma boa Psicanálise ademais.
Foi assim que no humano abraço, também, a angústia lado a lado crescendo o desejo de mudar, soltar o aprisionado (ressentimento) me impulsionou até que destrilhando (desrecalcando), pude reconhecer, nomear, clarear, redirecionar vetores e criar gozos outros.
Agora, se eu pudesse desejar o bem a mais gente, desejaria que pudessem encontrar um bom/boa analista a cada um de vocês que chega perto, junto. Se possível, acompanhados de “laivinhas” brilhantes, cursos, aulas, experiências restauradoras… Seja como for, quero ver você descolando de si mesmo, das preocupações, repetições, marteladas, controle e afins. E pode acreditar que é um barato, é bom demais mexer. Vamos!
Por coerência e na forma de presente dos tais algoritmos, métricas do Insta, surgiu para mim o perfil da Psicanálise descolada. Um tempo depois de Nietzsche, Freud, Klein, Winnicott, Pessoa em caminhos de pesquisa-vida no tocante à verdade (qual), a afetos, a outros e ao gigante inconsciente… Encontro tese de um Dr. Carlos Alvarez que me apresentaria perspectivas mais do que prometiam as palavras-chave, teorias, muito consistentes, revisitadas e atravessadas com maestria no trabalho desse analista, artista, brasileiro…
Ao que cabe ser dito.
Maio de 2021, tempos tensos de pandemia de Covid, esbarro virtualmente com um vídeo no qual um psicanalista chamado Carlos Mário Alvarez fala a respeito dos efeitos das brigas de casal sobre os filhos no Instagram de uma tal “Psicanálise Descolada”. Seu discurso é extremamente lúcido, hábil, pragmático e objetivo. Gostei! Estou cansada de tanto blá blá blá, enquanto gerações e gerações de crianças continuam sofrendo. Dei uma examinada nos outros posts da Psicanálise Descolada. Uau! Descontraído e autêntico. Quem será esse cara? Curiosa, fiz contato com sua equipe que me ofereceu uma aula para degustar. Adorei! Fiz todos os cursos. Suas aulas apresentam um conteúdo profundo e de altíssima qualidade evidentemente baseado em muito estudo. Mas transmitido de forma muito leve e divertida.
Ao passo que Carlos traduz um monte de coisa que sempre me pareceu misteriosa e somente compreendida por Seres Evoluídos Que Vivem Em Consultórios Penumbrosos, me faz rolar de rir. O que é fundamental, pois não dá para aguentar a existência humana sem bom humor. Além disso, não faz militância. Seu interesse é na singularidade do analisando. Sinto-me muitíssimo atraída, pois estou empapuçada de psicanalistas, filósofos, cientistas, etc. que esquecem o método, comportam-se como religiosos e trilham o bitolado caminho da militância. Também percebo que a Psicanálise Descolada é generosa e revolucionária: Por um lado, oferece importante conteúdo gratuitamente na internet. Por outro, tenho a impressão que incomoda alguns grupelhos que se aproveitam da penumbra, pois é uma proposta extremamente SOLAR!
Em um mundo caótico, deslizante, improvável, neurótico, perigoso, psicótico, nossos corpos e nossas mentes desejam de um caminho. Algum caminho.
É a velha cadeia dos contrários. Segurar e soltar. A luz e a sombra. Entre o som e com o silêncio. Há uma ciência, que é arte e que me ensinou que a vida, essa sucessão de acontecimentos aparentemente sem fundamento, é possível de ser organizada. Como a música, que é caos organizado em notas de melodia. Mel.
Ou como a Psico e a Análise. A mente que se olha. O olhar que se analisa e que se entende, mesmo na correria. Que se vê como fragmentos dos muitos indivíduos que habitam cada um de nós. A gente não é um só. A gente é uma galera.
Entre opostos que se afetam, que se encontram, que se vibram, há algo que a gente — toda a gente — pode fazer.
No caldo da vida dura, difícil, desorganizada, triste e sofrida, existe… Vida. Espaços de atuação. A gente pode. Nem tudo é mal-estar. Nem tudo precisa ser mal. Pode ser estar.
O que pega é que só procuramos ajuda quando o cristal se quebra. E aí, quando nos vemos em pedacinhos, aqueles cristais que não se esmigalham no poço da seca têm uma nova chance: podem voltar a se formar. Afinal, toda casa uma hora precisa de re-forma.
Mas isso exige trabalho. Mas o que não exige? Viver é trabalho. Respirar dá trabalho. Alimentar-se dá trabalho. Amar dá muito trabalho. Trabalhar dá trabalho. O despertar dói. Mas também fascina.
Por isso que é vento e que é brisa. É contínuo e descontínua. É terapia. E poesia.
Se estamos vivos, gente, é porque ainda há muito o que fazer. Tratemos de aproveitar. Esse é o tempo de ser.
Parabéns aos ganhadores! Difícil escolher o melhor artigo! Para mim, um completa o outro e todos descreveram perfeitamente o sentido dessa Psicanálise Descolada!